Motorista: como está sua visão?
Mais do que uma mera obrigatoriedade, o exame oftalmológico é um dos requisitos para verificar a aptidão de dirigir com segurança. Problemas oculares podem provocar limitações que comprometem a visibilidade em diversas situações, como ver placas, pedestres, veículos, realizar manobras, perpcepção de distância, entre outras situações que aumentam o risco de acidentes de trânsito. Por isso, tanto para tirar quanto para renovar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) é necessário realizar a avaliação.
Acidentes de trânsito
Mais de 280 mil acidentes de trânsito foram causados por problemas na saúde dos condutores (2014 a jun/2020), segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. A restrição de visibilidade (visão reduzida), foi responsável por 2.205 ocorrências (2014-jul/2020). Mais de 1.600 sinistros de trânsito (2016 a 2019) em rodovias federais ocorreram por comprometimento da saúde dos olhos, apontam dados da Polícia Rodoviária Federal.
Nas rodovias federais em 2020 as ocorrências mais comuns foram: colisão com 59% (responsável por 62% dos óbitos), saídas da pista (16%); capotamento e tombamentos (12%); atropelamentos (7%) e quedas de ocupante (5%).
Outras das principais causas de acidentes que também podem reduzir a capacidade visual são o sono e o uso de álcool/outros entorpecentes. A bebida alcoólica altera a visão tubular e reduz a visão periférica prejudicando a capacidade de percepção visual e reagir aos acontecimentos nesse campo visual lateral.
Saúde ocular e segurança do trânsito
Houve um aumento de 44% nas CNHs com indicações de restrição visual, entre 2014 e 2020. O levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) com informações do Denatran ainda aponta que São Paulo é o estado com maior quantidade de motoristas com problemas visuais, mais de 6,7 milhões de pessoas.
As anotações mais recorrentes nas carteiras incluem necessidade do uso de lentes corretivas e óculos ou lentes de contato (20 milhões), visão monocular (332 mil), limitação de dirigir após o pôr-do-sol (102 mil) e motociclistas com uso de capacete de segurança com viseira protetora sem limitação de campo visual (24 mil).
Infringir essas recomendações pode custar muitos pontos na carteira, multas e até retenção do veículo. O uso correto dos itens dos veículos também auxilia na boa visibilidade, como o quebra-sol para motoristas e para motociclistas o capacete de segurança com viseira. Para ambos é importante o uso de alguns óculos especiais, confira:
Lentes escuras: para dirigir sob o sol, melhora a visibilidade em ambientes iluminados e protegem dos raios ultravioletas.
Essas lentes podem reduzir a percepção de contrastes, então podem ser utilizadas lentes fotossensíveis ou não, mas é importante ter o mesmo grau já usado nos óculos normais.
Lentes coloridas: melhora na visão de contrastes, no ofuscamento, com maior conforto visual.
- Lentes amarelas: indicada para ambientes com pouca luz, reduz o ofuscamento.
- Lentes cinzas: situações com excesso de claridade solar.
- Lentes verdes: condições com luminosidade moderada.
- Lentes laranjas: melhora do contraste em dias ensolarados ou à noite.
Para a noite o ideal é usar lentes antirreflexo que melhoram a nitidez.
A dificuldade na visão noturna pode afetar até mesmo aqueles que não possuem erros refrativos ou outros problemas oftalmológicos, pois as condições de iluminação podem provocar ofuscamento.
Fonte: CBO
Acuidade visual
No teste são medidas a acuidade visual para longe com uso da tabela de Snellen, a visão central, o campo visual (visão periférica), a visão noturna e visão de cores. É requerida 50% de acuidade visual (20/40 cada olho/ ou 20/30 no olho melhor) e 120 graus de campo visual para as categorias A e B , segundo Conselho Nacional de Trânsito
CheckUp & Prevenção
Na etapa da avaliação oftalmológica pode ser percebida alguma redução na acuidade visual, é possível identificar erros refrativos, que são os problemas oculares mais recorrentes (miopia, astigmatismo e hipermetropia). Porém somente uma consulta oftalmológica pode proporcionar um diagnóstico mais completo com a realização de exames.
Erros refrativos não corrigidos, por exemplo, podem reprovar o candidato. O que pode ser solucionado com uma consulta meses antes do exame. Por isso não somente a avaliação devido à CNH a cada 3 ou 5 anos, mas manter as consultas oftalmológicas regulares (pelo menos anualmente) para diagnóstico e tratamento dos problemas de visão são tão importantes. Não somente para cuidar da acuidade visual para um trânsito mais seguro, prevenindo acidentes, mas evitar perda da visão e outras complicações na saúde ocular.
O Glaucoma por exemplo reduz muito o campo visual e pode levar à perda de visão irreversível, por isso o diagnóstico deve ser o mais cedo possível, pois a depender da evolução do problema pode ter apresentar visão turva, visão lateral muito afetada e outros sintomas impedindo a pessoa de dirigir. Também catarata, degeneração macular e retinopatia diabética são problemas graves que podem afetar seriamente a visão e impedir o paciente de dirigir (e até de realizar outras atividades com independência e segurança) se não acompanhados e tratados.