Covid-19 e visão: entenda a relação - Dr. Hilton Oliveira
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Dr. Hilton Oliveira

Covid-19 e visão: entenda a relação

Desde o surgimento do Covid-19 que estudos vêm apontando alterações oftalmológicas podem provocar anormalidades. Não há dados conclusivos sobre todo o comportamento da infecção no organismo e com consequências desconhecidas as relações ainda estão sendo mapeadas e estudadas. Porém já é possível constatar evidências que apontam para sintomas, danos e complicações oculares frequentes.

Em primeiro lugar, o olho é porta de entrada para o vírus do Covid-19, assim como boca e nariz. O vírus é levado aos pulmões já que o ducto nasolacrimal interliga olhos e vias respiratórias. Por isso, pode-se infectar /transmitir o vírus ao tocar os olhos ou superfícies, em situações diversas como respingos de gotículas de saliva, lágrimas ou superfícies contaminadas como lentes de contato ou uso de colírio ao encostar o bico dosador contaminado.

Portanto, as recomendações de não coçar os olhos, ter cuidado no manuseio de lentes de contato, óculos e colírios; além de não compartilhar objetos pessoais (como toalhas, maquiagens, etc) são cuidados preventivos fundamentais.

Já sabemos que o coronavírus pode afetar diversos órgãos do corpo, não somente os pulmões, e que os sintomas podem ir além dos comuns como perda de olfato, paladar, febre e outros similares a resfriado. Os relatos de manifestações da Covid-19 nos olhos incluem conjuntivite, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, coceira, dor ocular, olho seco, fotofobia e visão embaçada/turva.

Estima-se que o risco de manifestações oculares varia de 2% a 32%, a depender da gravidade. Em casos graves identificou-se que 7% das pessoas tiveram danos no globo ocular, nódulos diagnosticados por ressonância magnética, segundo estudo francês. Já pesquisa no Reino Unido apontou que mais de 80% dos entrevistados relataram problemas oculares até duas semanas depois do início de outros sintomas relacionados ao Covid-19.

No caso do fungo negro (mucormicose), recorrente na variante delta, pode afetar a córnea gravemente e até levar à cegueira.

Pós-Covid e sintomas oculares

As complicações também podem surgir durante o tratamento. Além do aumento da pressão ocular que pode ocorrer nos pacientes hospitalizados em UTI (devido à posição prolongada de bruços); no caso de uso de medicações e altas doses de corticosteroides, pode afetar os olhos e estar associado a problemas como catarata subcapsular, retinopatia e outras alterações na retina (hemorragias, entupimento e dilatação nos vasos oculares). A própria doença também já altera a pressão arterial, a glicemia e a coagulação sanguínea que favorecem a retinopatia.

Estima-se que cerca de 80% dos afetados pelo Covid-19 sentem ao menos um sintoma meses depois (temporário ou persistente) ou sofrem complicações cardiovasculares, diabetes, entre outras doenças. Quanto a visão, o maior sintoma é a piora da acuidade visual.

É importante também o acompanhamento oftalmológico com realização de exames para  prevenir danos à visão e ter diagnóstico de possíveis sequelas, pois há risco dos problemas já citados acima além de ceratite, endoftalmite, episclerite, papiledema, paralisia dos nervos responsáveis pelos movimentos oculares, neurite óptica, entre outros mais raros.

Em caso de suspeita de Covid-19 deve-se procurar atendimento geral para diagnóstico correto.